Eficiência Energética e Energia Fotovoltaica no setor residencial: porque elas devem ser obrigatórias em conjunto

Por: Renato Gualco

set. 20, 2016

Eficiência Energética

Nos últimos anos, algumas companhias e consumidores adotaram apenas o uso de energia solar no setor residencial – ou seja, instalando sistemas fotovoltaicos sem dar muita atenção à eficiência energética. Essa estratégia tem sido estimulada nos EUA em parte pelos créditos fiscais para projetos fotovoltaicos e pelas regulamentações de microgeração e injeção de energia na rede vigente na maioria dos estados.

A disponibilidade de financiamentos que consistem ou até mesmo eliminar o preço inicial de compra também estimula esta estratégia ao substituir o custo inicial por pagamentos mensais ao longo de anos. Para explorar mais de perto essa questão, a ACEEE converteu duas análises. A primeira delas compara o custo por KWh anunciado de eficiência energética ou de geração fotovoltaica separadamente e também combinadas. A segunda compara o potencial técnico da geração fotovoltaica e o consumo de energia elétrica em residências, com ou sem eficiência. A conclusão é que quando a eficiência e os fotovoltaicos são implementados juntos, os custos são menores, e a geração solar pode suprir a demanda de uma quantidade maior de residências. Os resultados foram colocados no quadro abaixo. Um sistema fotovoltaico custa nos EUA entre 17 e 23 centavos por KWh produzido (o valor mais baixo diz respeito à ensolarada Las Vegas, enquanto o mais alto em Washington). A eficiência energética custa menos – cerca de 8 centavos por kWh. Mas quando ambos são usados, o custo é de 3 a 6 centavos a menos por kWh do que apenas pelo uso de fotovoltaicos. A eficiência energética tem custo menor, e também reduz tanto o custo quanto o tamanho dos sistemas fotovoltaicos.

mapaAceee

Essa análise deixa de lado os créditos fiscais para projetos solares ainda e também ignora incentivos públicos que são normalmente disponibilizados para medidas de eficiência energética. Se os créditos fiscais fossem incluídos, o resultado geral seria mais ou menos o mesmo – uma estratégia combinada torna mais barato o KWh do que utiliza apenas geração fotovoltaica. Essa é apenas uma análise simples de medidas comuns e consequentemente só é útil para efeito de comparação.


Produção fotovoltaica relacionada ao consumo elétrico residencial


Para esta análise foi comparada a estimativa do potencial de painéis fotovoltaicos colocados em telhados de cada estado americano com o consumo elétrico residencial. Foram avaliados estados onde o potencial fotovoltaico era de pelo menos 50% do consumo residencial atual, ou de consumo residencial se a eficiência energética renovada já tivesse sido reduzido pelo menos 30%.

dataAceee

Essa análise cobre 24 estados, esses dados estão apresentados no RECS (Pesquisa de Consumo de Energia Residencial). Os resultados são mostrados no mapa abaixo. Com eficiência, 23 dos 24 estados poderiam atingir 50% do limite solar, incluindo seis que atingiram 75% da capacidade solar (Califórnia, Colorado, Kansas, Nebraska, Novo México e Nevada). Sem a eficiência energética, apenas nove dos 24 estados poderiam chegar a menos da metade das residências com painéis solares. Apenas em dois estados (Califórnia e Colorado) o potencial solar ultrapassa 75% do consumo residencial. Em outras palavras, a geração fotovoltaica pode chegar a uma proporção muito maior de casas se a eficiência energética for incluída no processo.

Essa análise não inclui o potencial de crescimento da demanda de energia elétrica como no aumento do uso de veículos, ou conversão de gás e petróleo em sistemas de aquecimento para bombas de calor. Detalhes desta análise, incluindo um caso onde todos os sistemas de aquecimento foram convertidos para bombas de calor podem ser encontrados aqui. Nesse cenário alternativo, apenas dois estados devem chegar aos 50% sem eficiência energética, enquanto 12 deles chegam ao potencial com eficiência.

Assim como na primeira análise, esse é um cenário ideal onde todo o potencial seja promovido e em que todas as casas implementem medidas de eficiência energética. Além disso, esta simples análise ignora o fato de que algumas casas seriam capazes de produzir mais energia solar do que utilizariam, enquanto outras não seriam indicadas para geração fotovoltaica, como por exemplo aquelas fortemente sombreadas por árvores ou que não fossem viradas para o sul. Essa análise deve ser considerada como parâmetro e não como um estudo definitivo.

Conclusão


A eficiência energética geralmente é mais barata por KWh do que a geração fotovoltaica. E pelo fato de reduzir o consumo, a eficiência energética pode garantir mais recursos para a extensão do número de casas com painéis solares, permitindo que mais residências absorvam energia solar e que sistemas fotovoltaicos menores e mais baratos sejam necessários. Estas são duas análises simples, mas que apontam para o fato de que eficiência é necessária para que a energia solar dê o seu melhor.


gestao-energetica-mitsidi-ebook